Todo o blueseiro tem suas referências. Aqueles a quem ouvir, com quem aprender e, porque não, para quem render tributos.
Homens e mulheres admiráveis que por sua atitude, personalidade, caráter, talento ou estilo se tornaram modelos – artístico ou pessoal – a ser seguidos.
Isso não significa que não haja autenticidade nas gerações recentes de blueseiros, claro que há. O fato de reconhecer seus ícones expressa a humildade que todo aspirante ao blues deve manter.
É parte da honestidade que se espera de quem escolhe o caminho do blues, reconhecer que a origem deste gênero músical foi muito sofrida. Que seus grandes expoentes, tanto da primeira como da segunda metade do século passado, enfrentaram dificuldades e toda a sorte de preconceitos – raciais, sociais, financeiras – para dar ao estilo o refinamento e o respeito que conquistou.
Se hoje o blues ascendeu socialmente – temos acesso a instrumentos de qualidade, ocupamos espaços em clubes requintados, somos reconhecidos como músicos talentosos e ainda posamos de artista, outsider ou intelectual – é porque o caminho foi pavimentado pelas mãos batalhadoras e persistentes daqueles que nos antecederam.
Leadbelly foi quem disse certa vez que “Nunca um branco foi capaz de fazer um blues, porque eles não tem com que se preocupar, eles não têm problemas do tamanho dos nossos”.